Resíduo hospitalar: conheça as boas práticas de coleta e manuseio

À medida que a preocupação com o meio ambiente cresce no cenário corporativo, a gestão responsável de resíduos também se torna um processo tão importante quanto as atividades principais, requerendo muita atenção, sobretudo por parte de organizações que lidam com substâncias potencialmente infectantes, como o resíduo hospitalar e industrial.

Os materiais utilizados em clínicas, hospitais, postos de saúde, consultórios, laboratórios e centros de pesquisa precisam receber especial cuidado ao serem descartados. Afinal, o risco de contaminação é muito grande.

Quer entender quais são os procedimentos mais indicados para o manuseio e descarte do resíduo hospitalar? Acompanhe o que preparamos a seguir!

O que é um resíduo hospitalar?

O resíduo hospitalar é aquele material que provém do atendimento a pacientes ou de qualquer unidade ou estabelecimento de saúde que realize atividades relativas ao atendimento médico, tanto para pessoas quanto para animais.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), 1 a 3% das 150 mil toneladas de resíduos diários são compostos por materiais que vêm de unidades de saúde. O órgão também levantou que apenas 60% de todo o lixo infectante recebe o tratamento indicado, como aponta uma pesquisa divulgada na Revista da Federação Brasileira de Hospitais.

Por isso, farmácias, postos de saúde, clínicas, hospitais, laboratórios de análises clínicas e até mesmo estúdios de tatuagem precisam se preocupar com a limpeza do ambiente e a gestão adequada de seus resíduos.

Em quais grupos os resíduos hospitalares são classificados?

Conforme estabelecido na resolução RDC no. 33/03 da Anvisa, os resíduos hospitalares são separados em 5 classes, tendo como base a área em que são gerados, suas características e respectivos riscos gerados por cada um deles.

Isso significa, por exemplo, que resíduos provenientes da manipulação de microrganismos terão um tratamento diferente de materiais contendo substâncias químicas ou rejeitos radioativos. Confira mais detalhes sobre essa classificação a seguir.

Grupo A — Potencialmente infectantes

São aqueles que podem ter presença de agentes biológicos com potencial de infecção, como excreções, membranas e bolsas de sangue. O grupo ainda é subdividido em outras cinco categorias, e a sua solução ideal de descarte, via de regra, é a incineração.

Grupo B — Químicos

Esse tipo de resíduo contém substâncias químicas capazes de causar danos à saúde ou ao meio ambiente por serem corrosivas, inflamáveis, tóxicas ou reativas. Os medicamentos utilizados em tratamentos contra o câncer, substâncias usadas na revelação de filmes de raio-X e reagentes para laboratório estão inclusos nessa categoria.

Para que haja um descarte adequado, o acondicionamento deve ser feito na embalagem original do produto, depois colocado em recipiente resistente e envolvido por um saco. Além disso, todos os materiais que pertencem a esse grupo precisam ser devolvidos ao fabricante.

Grupo C — Rejeitos Radioativos

No grupo C, temos os materiais que apresentam carga radioativa acima do padrão e que não podem ser reutilizados. Os exames de medicina nuclear ou radioterapia, por exemplo, geram resíduos desta categoria.

A destinação desses elementos é regulamentada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear, que exige o acondicionamento em recipientes blindados e o descarte em depósitos de lixo radioativos.

Grupos D — Resíduos Comuns

Essa categoria abrange qualquer resíduo que tenha sido contaminado e/ou possa provocar acidentes. Papéis, luvas, gessos e gazes são alguns exemplos.

O tratamento desse tipo de resíduo deve ser realizado em lixeiras ou recipientes que diferenciem cada conteúdo, para que eles sejam encaminhados ao descarte correto: reciclagem, reutilização ou aterramento.

Grupo E — Objetivos Perfurocortantes

Em resumo, são os resíduos que podem causar cortes e machucar os manipuladores. Entre os exemplos, estão inclusas agulhas, lâminas, ampolas, tubos de ensaio, vidros de armazenagem e bisturis.

Regras básicas de descarte: embalar em recipientes específicos e resistentes, etiquetar a embalagem de forma visível e, então, incinerar ou levar para depósito em aterro sanitário.

Para a gestão dos resíduos hospitalares, as empresas devem obedecer a RDC nº 306/04 da Anvisa e a resolução nº 358/05 Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Com essas leis, a sua empresa pode executar o plano de gerenciamento de resíduos de saúde, também conhecido como PGRSS.

Em quais classes os resíduos hospitalares são classificados?

A resolução do Conama estabelece que os resíduos hospitalares podem ser divididos em três classes. Veja quais são elas a seguir.

Classe A — Resíduos Infectantes

Aqui, estão inclusos materiais com sangue, vacinas vencidas, órgãos humanos e animais, tecidos humanos e animais, fluidos orgânicos, animais contaminados e secreções.

Classe B — Resíduos Especiais

Nesse caso, estão enquadrados restos de remédios, materiais contaminantes, resíduos químicos e radioativos.

Classe C — Resíduo Comum

Materiais comuns de escritório, conservação e jardinagem são colocados nesta categoria. A NBR 12.808, publicada pela ABNT em 2016, atualiza os tipos de resíduos e estabelece possíveis formas de destinação de cada um deles.

Além dela, as equipes responsáveis pelo descarte responsável precisam atentar às seguintes normas:

  • NBR 7.500: relativa aos símbolos de risco e ao transporte e armazenamento seguros;
  • NBR 7.501: define terminologia de transporte de resíduos danosos;
  • NBR 7.503: estabelece procedimentos para a ficha de emergência no transporte de materiais perigosos;
  • NBR 7.504: define diretrizes para o transporte desses produtos;
  • NBR 8.285: traz procedimentos para preenchimento da ficha de emergência;
  • NBR 9.190: classifica os sacos plásticos para acondicionamento dos resíduos;
  • NBR 9.191: traz especificações para os sacos plásticos de armazenamento;
  • NBR 12.807: estabelece a terminologia dos resíduos de serviços de saúde;
  • NBR 12.808: define quais são os tipos de resíduos produzidos por serviços de saúde;
  • NBR 12.809: estabelece diretrizes para manuseio dos resíduos provenientes de serviços de saúde;
  • NBR 12.810: traz recomendações para a coleta dos resíduos de serviços de saúde;
  • NBR 13.853: define procedimentos para coleta de resíduos perfurocortantes de serviços de saúde.

Quais são os riscos do manuseio incorreto de lixo hospitalar?

Os riscos do manuseio incorreto de resíduo hospitalar normalmente envolvem acidentes e contaminação, tanto para o ambiente interno como fora da organização. Isso sem deixar de mencionar as possíveis consequências financeiras. Entenda dois dos principais problemas.

Riscos ambientais

Um dos grandes riscos do descarte incorreto de resíduos hospitalares está no fato de eles conterem agentes biológicos potencialmente contaminantes, como secreções e excreções humanas, partes de órgãos, sangue e tecidos.

Os resíduos provenientes de laboratórios de análise e de microbiologia, unidades de terapias intensivas e materiais perfurocortantes também apresentam riscos à natureza.

Caso o material contaminado seja descartado indevidamente, ele pode entrar em contato com rios e, até mesmo, lençóis freáticos, sendo capaz de prejudicar bastante a qualidade de vida de comunidades e ecossistemas.

Riscos à integridade física

O lixo hospitalar contém muitos materiais que podem causar cortes e perfurações em quem for manuseá-los ou tiver algum tipo de contato com os elementos descartados. Portanto, se utilizados procedimentos incorretos, a empresa coloca em risco a integridade física dos indivíduos, podendo gerar várias complicações.

Multas e interdições

As empresas que descumprirem a legislação da Anvisa estão sujeitas às penalidades estabelecidas na Lei n. 6.437/77. As sanções variam de emissão de multas até a interdição da organização, o que prejudica gravemente a credibilidade da empresa entre o público.

Como fazer o gerenciamento de resíduo hospitalar?

O tratamento do lixo hospitalar é uma tarefa um tanto complexa. Isso porque o volume de materiais descartados diariamente é gigante e exige procedimentos específicos para reduzir os riscos de contaminação.

Ao priorizar o tratamento adequado de resíduos, ou seja, estabelecer um planejamento para executar a gestão dessa área, as instituições de saúde são capazes não apenas de atender aos padrões legais estabelecidos, mas, principalmente, reduzir os riscos operacionais durante o manejo e proteger a saúde da população.

Dessa maneira, o primeiro passo para uma gestão de resíduos hospitalares eficiente é o domínio e adequação às normas estabelecidas. Por isso, deve-se entender todos os protocolos e propostos nas leis municipais, estaduais e federais e estruturar suas ações em conformidade com essas diretrizes.

A seguir, abordaremos algumas etapas essenciais a uma gestão de resíduo hospitalar bem-sucedida. Veja quais são!

Elaborar o PGRSS

O Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) é uma determinação da Anvisa e do Conama. É um documento feito para orientar a atuação dos seus colaboradores.

Assim, cada instituição deve elaborar seu próprio manual sobre as metodologias aplicadas ao tratamento, armazenamento, coleta, transporte e destinação final dos detritos gerados pela sua atividade. Tudo isso de acordo com o perfil da organização e das normas legais, é claro.

Minimizar a produção desses objetos

O aproveitamento máximo e o uso consciente de recursos são itens fundamentais para a otimização de resultados em empresas de qualquer segmento.

No setor hospitalar, essa realidade não é diferente — quanto menor a quantidade de resíduos produzida, menores são os desperdícios e esforços para a realização de um descarte adequado. É por isso que uma boa gestão de resíduos hospitalares começa pelo desafio de minimizar o volume de produção desses objetos.

Separação

Nesta etapa, a missão dos profissionais consiste na separação dos objetos de acordo com a classe à qual pertencem. Então, cada tipo de resíduo deve ser trabalhado com base na forma de descarte mais adequada.

Acondicionamento

Assim como na etapa de separação, no acondicionamento cada material é eliminado ou reciclado de acordo com critérios próprios, a fim de que os trabalhadores fiquem menos expostos a riscos de contaminação ou acidente.

Basicamente, a tarefa é saber como cada tipo de resíduo deve ser armazenado de determinada maneira antes de ser levado para o descarte. Por exemplo, se você vai descartar objetos perfurocortantes, é necessário que eles sejam acondicionados em caixas ou qualquer outra embalagem projetada para esta finalidade. Isso fará toda diferença na sua gestão operacional.

Tratamento

O tratamento de resíduos hospitalares é outro conjunto de ações de extrema relevância para o gerenciamento do resíduo hospitalar. Seu objetivo é diminuir os riscos à saúde humana e danos ao meio ambiente. Nesse sentido, um dos processos mais utilizados é a esterilização, promovendo a redução da carga biológica dos resíduos que serão descartados.

Normalmente, este é o tratamento utilizado para os resíduos perfurocortantes. A incineração, por sua vez, é um procedimento bastante utilizado na etapa de tratamento para o descarte de resíduos e químicos.

Como descartar os resíduos infectantes?

Uma das grandes preocupações de hospitais e empresas da área de saúde é o lixo infectante. Ele deve ser separado do restante do lixo hospitalar e, para que tudo ocorra bem, os funcionários responsáveis devem receber treinamento especializado, sendo esta uma exigência do Conselho Nacional do Meio Ambiente no Brasil.

Contudo, o que fazer com esses resíduos? Na prática, boa parte dos hospitais ainda recorre à incineração de lixo hospitalar infectante. Entretanto, esse processo pode resultar na liberação de cinzas contaminadas com substâncias danosas, como metais pesados e dioxinas, que colaboram com a poluição da atmosfera.

Muitas vezes, as emissões podem ser mais tóxicas do que os produtos incinerados. Por isso, indica-se a esterilização desses resíduos em vez da incineração. Embora o processo tenha um custo elevado, ele beneficia o programa de gerenciamento de resíduos responsável da sua empresa, fazendo com que ela seja bem vista pela comunidade e reduza os riscos de impactos ambientais na região que a cerca.

Nesse contexto, as valas sépticas são uma alternativa mais acessível. O obstáculo: elas demandam que a empresa tenha acesso a um espaço adequado para tal e que ela faça a devida fiscalização desses processos.

Quais são as determinações regulamentadas e inspecionadas pelos órgão reguladores?

A responsabilidade ambiental é um tema de extrema relevância para a garantia de um ambiente equilibrado e saudável no nosso planeta. Por isso, a gestão de resíduos passou a ser muito abordada pela legislação.

No caso dos resíduos hospitalares, essa preocupação é ainda mais intensa, com aplicação de penalidades rigorosas às empresas que não estão alinhadas com todos os requisitos inerentes a sua atividade. E as regulamentações não são poucas.

Segundo a Resolução nº 237/97 do Conama, as empresas necessitam de Licenciamento Ambiental para gerenciar o lixo hospitalar. Além disso, devem ter uma licença de operação (LO) e documentos de monitoramento ambiental previstos no licenciamento para executar quaisquer atividades relacionadas ao descarte dos seus resíduos.

Nesse sentido, ainda é importante ressaltar que a RDC nº 006/91, editada por esse mesmo órgão, determina a competência estadual para regular o procedimento de incineração desses resíduos, considerando o transporte, a destinação dos resíduos, bem como o licenciamento ambiental para realizar esse tipo de procedimento.

Enfim, as “regras do jogo” são complexas, e contar com o acompanhamento e auxílio de equipes de limpeza especializadas, capazes de examinar as necessidades de sua organização, é essencial para adotar os procedimentos corretos quanto ao resíduo hospitalar. Isso, segundo as diretrizes definidas pelas normas da ABNT, da Anvisa e do Conama.

Uma empresa que se especializa nesse manejo já está habituada a seguir todos os protocolos ambientais. E, com certeza, dispõe das melhores estratégias para gerar vantagens competitivas aos seus clientes. Além disso, evita prejuízos, e a responsabilidade ambiental gera uma imagem de credibilidade.

Como você pode perceber, as normas a serem seguidas para coleta, armazenamento e destinação correta de resíduo hospitalar são muitas. Com o apoio de profissionais especializados, você aumenta a capacidade de garantir a segurança da sua empresa, dos colaboradores e da população à sua volta.

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