A porta corta-fogo é um dos itens mais fundamentais para garantir a segurança dos usuários de edifícios com mais de quatro andares. Esse dispositivo é construído com materiais especiais capazes de conter o avanço do incêndio durante um tempo, permitindo que as pessoas saiam do local com segurança em caso de incêndios e outros tipos de emergências.
O dispositivo é regulamentado por normas e leis especiais e se tornou obrigatório em alguns locais na década de 1970, quando dois grandes incêndios em edifícios provocaram a morte de centenas de pessoas.
Com isso, surgiram discussões sobre formas de aumentar e exigir a implementação de estratégias de segurança em edifícios de diferentes portes.
Neste artigo, você vai entender melhor sobre a porta corta-fogo. Saiba tudo sobre seu funcionamento, as características e as normas que regem a instalação e a manutenção desse dispositivo. Continue a leitura e confira!
O que é uma porta corta-fogo?
A porta corta-fogo (PCF) é um dispositivo de segurança capaz de conter o fogo e o calor, evitando que o incêndio se espalhe para outros compartimentos ou pavimentos do edifício. Além do fogo, a PCF pode isolar a fumaça por um tempo em torno de 90 minutos.
Para isso, as portas corta-fogo são construídas com materiais resistentes ao calor, com especificações determinadas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Qual a importância da porta corta-fogo?
Cumprindo sua função de impedir o avanço das chamas e isolar partes do edifício, as escadas de emergência podem continuar livres para que os ocupantes evacuem com segurança em caso de incêndio.
Esse dispositivo de segurança também permite que os bombeiros possam ter um acesso mais facilitado a diferentes compartimentos do prédio a fim de que consigam combater as chamas e também resgatar vítimas.
Essa preocupação das autoridades com os dispositivos de segurança contra incêndio tomou força na década de 70, quando centenas de pessoas morreram depois de dois incêndios que ocorreram num espaço de apenas dois anos.
Um deles aconteceu em 1º de fevereiro de 1974. O Edifício Joelma se localizava na região central de São Paulo. O incêndio provocou a morte de, pelo menos, 188 pessoas, afinal a causa foi um curto-circuito de um ar-condicionado no 12º andar final.
Outro grande incêndio ocorreu em 24 de fevereiro de 1972 no Edifício Andraus. A causa descoberta foi uma sobrecarga no sistema elétrico do prédio. As chamas atingiram outros cinco prédios vizinhos, provocando a morte de 17 pessoas.
Como consequência, as autoridades iniciaram diferentes projetos de lei para regular a instalação de equipamentos de segurança contra incêndio, incluindo a porta corta-fogo. Além desse dispositivo, outros foram listados como exigência legal:
- mangueira de incêndio;
- alarme de incêndio;
- extintor de incêndio;
- bomba hidráulica;
- detector de fumaça.
Alguns desses equipamentos são importantes para o combate às chamas, outros servem como alerta. Mas, no caso da porta corta-fogo, ela acaba sendo muito importante para que os ocupantes do prédio possam evacuar com segurança. Dessa forma, ela é indispensável para garantir a integridade das pessoas em casos de incêndio.
Quais são as dimensões da porta corta-fogo?
As dimensões podem variar de acordo com o local onde é instalada. No entanto, a NBR 11742 define alguns parâmetros. Ela precisa ter:
- 2,20 m × 2,30 m no máximo;
- 0,80 m × 2,10 m no mínimo.
Ainda pode haver uma margem de 2 a 3 mm. Quando a porta é maior que 1,20 m de largura, ela precisa ser construída em duas folhas.
Por outro lado, existem dimensões bem específicas para a sinalização utilizada nas placas de portas corta-fogo. Essas definições estão na NBR 16820. A norma determina regras sobre sinalizações de emergência. Por exemplo, é importante que essas placas tenham uma visualização mínima de 2 m de distância.
Com essa flexibilidade, é possível encontrar portas corta-fogo com dimensões bastante variáveis adaptando o tamanho para qualquer prédio ou circunstância.
De quais materiais as portas de emergência são feitas?
Para funcionarem de forma correta, é fundamental que as portas sejam construídas com um material especial, já que serão expostas ao fogo. Isso é importante porque precisam garantir tanto a vedação quanto uma resistência térmica satisfatória.
O tipo de revestimento da porta pode variar de um fabricante para outro, assim como o tempo em que ela pode resistir ao fogo e ao calor. No geral, esse revestimento é de fibra de cerâmica ou lã de cerâmica, pois são materiais que conseguem aliar a leveza à resistência a altas temperaturas.
Além disso, elas também precisam conter chapas de aço, que devem apresentar em torno de 5 mm de espessura. Ao passo que o metal dá a resistência, a lã isola o ambiente das altas temperaturas.
Quais são os tipos de porta corta-fogo?
Talvez você não saiba, mas há diferentes tipos de portas corta-fogo. Essa diferenciação tem a ver com o tipo de fabricação, que pode garantir mais ou menos segurança ao produto. A seguir, veja alguns dos principais tipos!
Porta corta-fogo simples
No geral, esse tipo de porta corta-fogo é utilizado em saídas de emergência de residências ou edifícios comerciais. Ela é normalmente produzida com uma folha que varia entre 80 e 120 cm de largura.
Porta corta-fogo dupla
Essas têm duas folhas com uma largura que varia entre 120 cm e 220 cm. Por ter abertura dupla, é muito utilizada em locais onde o fluxo de pessoas é maior, como shoppings centers, teatros, cinemas, casas de show ou auditórios em geral.
Porta corta-fogo em vidro
Esse modelo de vidro conta com especificações semelhantes aos modelos anteriores, porém com uma aparência diferenciada. Normalmente são selecionadas exatamente por essa função estética para garantir uma design mais refinado ao ambiente.
Apesar do material de que é feito, ela precisa seguir as normas definidas pela NBR 14925. Além dos modelos de vidro, também é possível encontrar portas feitas de aço inox.
Quais são as classificações da porta corta-fogo?
No mercado, a porta corta-fogo recebe diferentes classificações. A escolha entre uma ou outra vai depender do local onde o equipamento vai ser instalado. Cada tipo de porta corta-fogo tem um nível de resistência ao fogo diferente, informação que é detalhada pelo fabricante.
Abaixo, confira as especificações mais encontradas, lembrando que o número relacionado ao tipo da porta refere-se ao tempo em minutos de resistência ao fogo:
- p30: tendo uma resistência mínima de 30 minutos no fogo, é mais utilizada em edifícios menores como apartamentos e outros imóveis residenciais;
- p60: com uma hora de resistência ao fogo, a recomendação é que seja aplicada em edifícios comerciais ou industriais. Elas também podem ser utilizadas nas antecâmaras que dão acesso a escadas de emergência;
- p90: esse modelo com resistência mínima ao fogo de uma hora e meia é a mais utilizada em edifícios, inclusive em escadas enclausuradas. O seu nível de proteção permite que seja usada em compartimentos que abrigam sistemas de medição e transformação de energia elétrica;
- p120: essa apresenta a maior resistência entre as quatro, resistindo, pelo menos, duas horas ao fogo.
Quais são seus usos?
A ideia é que a porta corta-fogo seja usada em edificações que precisam fornecer uma rota de fuga segura para os ocupantes em casos de incêndios. Frequentemente são encontradas em saídas de emergência em imóveis residenciais e comerciais.
Também são comuns em áreas que dão acesso às escadas. Assim, a escadaria fica livre das chamas, do calor e da fumaça, permitindo que os usuários saiam do prédio sem maiores obstáculos.
O dispositivo deve ser instalado especialmente em edificações que contam com produtos inflamáveis como químicos, recipientes de gás e outros que poderiam aumentar a intensidade das chamas e gerar explosões.
A porta corta-fogo também é essencial para hospitais e hotéis, que normalmente são edificações de médio a grande porte e contam com um alto fluxo de pessoas.
As normas também exigem que instalações industriais devem ter portas corta-fogo instaladas em suas saídas de emergência, como uma forma de garantir a segurança do trabalho. Assim, podem manter uma rota de fuga segura para funcionamentos em casos de incêndios e outros tipos de problemas.
Outros locais em que o uso é exigido são em corredores fechados que levam a sessões mais abertas do prédio, à saída no térreo e à cobertura. Também no acesso a passarelas e estruturas que interligam duas ou mais edificações. Além disso, em qualquer lugar em que o fogo poderia vir de dentro para fora.
Quais são as indicações de uso das portas de emergência?
Não basta ter a porta corta-fogo instalada. É preciso garantir que elas sejam usadas da forma certa. Caso contrário, em uma situação de emergência, elas podem não funcionar conforme seu projeto.
Normalmente não devem ser trancadas
As portas corta-fogo precisam ficar fechadas e com livre acesso final para que as pessoas possam sair do local sem nenhum tipo de obstáculo. Logo, é importante que não haja nenhum tipo de objeto que impeça a passagem.
Além disso, é fundamental que ela não esteja trancada. Uma ressalva de recomendação para que elas se mantenham trancadas é a porta que leva para o gerador ou a bomba. Assim, a área não será facilmente acessada por pessoas não autorizadas ou mesmo crianças.
Outro caso que pode permitir que as portas corta-fogo sejam trancadas é quando elas são conectadas a algum dispositivo eletrônico que as destranquem automaticamente caso a central de alarmes de incêndio seja disparada.
Precisam estar sempre desobstruídas
Um problema comum em edifícios com portas corta-fogo é o hábito de deixá-las obstruídas. Moradores e outros usuários do local podem deixar bicicletas, cestos de lixo, carrinhos de bebê, entre outros aparatos que atrapalham a passagem dos usuários em casos de emergência.
É preciso monitorar o local — o que pode ser feito pelo serviço de vigilância — para garantir que o acesso às portas esteja sempre desobstruído, além de conscientizar os usuários da necessidade de não deixar objetos na área.
Não coloque calços para mantê-las abertas
Outro erro comum no uso dessas portas é que alguns usuários podem ter a tendência de instalar um calço a fim de mantê-las abertas. Se as portas não estiverem fechadas, elas não conseguem cumprir seu propósito que é exatamente isolar a área contra a passagem de chamas, fumaça e calor.
Se elas estiverem abertas, a fumaça e as chamas passarão facilmente para outros compartimentos e pavimentos do edifício, inviabilizando a saída pela rota de emergência e, com isso, gerando risco de vida a todos os ocupantes.
Quais equipamentos fazem parte de uma porta corta-fogo?
Além da porta corta-fogo em si, é importante contar com outros equipamentos que fazem parte desse dispositivo. Eles vão garantir que a porta vai funcionar de forma correta e com segurança. Conheça alguns desses equipamentos na sequência!
Fechadura para portas corta-fogo
As fechaduras das PCFs podem ser encontradas em dois modelos:
- fechadura de sobrepor: esse modelo é instalado por cima da folha da porta. Assim, não é preciso cortar a porta. A vantagem desse tipo de fechadura é que a instalação é bastante facilitada e rápida. No entanto, do ponto de vista do design, pode não ficar tão interessante;
- fechadura de embutir: essa deve ser instalada dentro da porta, sendo necessário fazer um corte na parte lateral, o que pode dar um pouco mais de trabalho. Porém, esteticamente fica muito melhor.
No mercado, você encontrará modelos com ou sem tranca. Como já tivemos a oportunidade de mencionar, modelos com tranca são ideais para portas que dão acesso a bombas, casa de máquinas ou geradores. Nesse sentido, elas são trancadas pelo lado exterior, impedindo a entrada, mas deixando livre a saída.
Dobradiça
As dobradiças são um dispositivo bastante simples mas essencial, pois seu correto posicionamento permite que a porta fique no nível certo, com o encaixe perfeito para impedir que calor, fumaça e chamas atravessem.
Mola
A mola funciona como um amortecedor para a porta, pois impede que ela bata com força, o que poderia atrapalhar o fluxo de pessoas ou mesmo provocar lesões nos usuários. Além disso, ocorrendo de forma repetida, a batida da porta pode danificar os componentes dela, prejudicando seu correto funcionamento.
Eletroímã
O eletroímã é um dispositivo que mantém as portas de emergência abertas, ideal para locais com alto fluxo de pessoas no local. Por ser um equipamento eletrônico, ele consegue trabalhar em conjunto com o sistema de alarme. Dessa forma, se for detectada fumaça ou fogo, o dispositivo libera as portas para que se fechem automaticamente, evitando que a fumaça e o fogo se propaguem em uma área segura.
Esse não é um recurso obrigatório, mas pode ser muito útil para proporcionar uma durabilidade maior para a porta e mais segurança para os usuários.
Barra antipânico
A barra antipânico é um dispositivo que tem por objetivo destravar a porta e funciona sempre no sentido de abertura dela. Dessa forma, é possível abrir a porta com maior agilidade, bastando usar o peso do corpo em cima da barra para destravá-la.
Segundo a norma NBR 11785, os dispositivos podem funcionar apenas no sentido de evasão. Além disso, do lado contrário, não pode existir nenhum tipo de dispositivo que impeça o correto funcionamento da barra. Existem diferentes tipos de barra antipânico. Abaixo, entenda o funcionamento de cada uma delas:
- barra antipânico simples: esse modelo tem apenas uma barra para acionar o destravamento da porta e geralmente é utilizado para portas que possuem apenas uma única folha;
- barra antipânico dupla: nesse caso, o dispositivo contém duas barras acionadoras. É utilizada instalada em portas duplas, ou seja, aquelas que contam com duas folhas;
- barra antipânico para portas de vidro: esse tipo de barra mantém as características dos outros modelos, mas é construída de um modo que facilita a instalação em portas de vidro. Vale ressaltar que são mais frágeis que barras feitas para portas normais, mas garantem um bom design para o ambiente.
Como é a instalação da porta corta-fogo?
As normas definem diversas regras para a forma como as portas corta-fogo serão instaladas. Por isso, é importante contar com uma terceirizada de segurança e serviços especializada que tenha experiência nesse tipo de trabalho. Deve haver um profissional responsável pelo projeto de segurança para determinar as condições e especificações necessárias para a instalação no edifício.
Considere algumas das normativas relativas à instalação:
- NBR 6479:1992 — Determinação de resistência ao fogo para portas e vedadores;
- NBR 10636:1989 — Classificação para resistência ao fogo em divisórias ou pares que não tenham função estrutural;
- NBR 11742 — Métodos para avaliar o desempenho da porta na resistência ao fogo;
- NBR 11711 — Orientações para portas e vedadores corta-fogo que possuam um núcleo de madeira para isolamento em comércios e na indústria;
- NBR 11785:1990 — Especificações para instalação de barras antipânico;
- ASTM D 610:1985 — a ASTM (American Society for Testing and Materials) é uma instituição internacional que cria e publica normas para diferentes tipos de produtos. Essa norma aborda a avaliação do grau de ferrugem em superfície de aço pintada.
São várias regras que precisam de um profissional especializado para adequar a instalação ao que dizem as normas. Mas, de maneira geral, podemos compartilhar algumas das regras.
As portas corta-fogo devem ser instaladas de uma forma que a abertura seja feita no sentido da fuga ou evasão, a menos que deem acesso a áreas de proteção.
Se a evasão puder ser feita em dois sentidos (como em casos em que as paredes separam áreas compartimentadas), é preciso instalar duas portas corta-fogo, cada uma com abertura para um sentido diferente.
Outra possibilidade é que seja uma porta com duas folhas que abrem para os dois sentidos. Nesses casos, a sinalização é fixada no lado de quem vai sair.
Há também regras que definem a obrigatoriedade da instalação das barras antipânico nas portas corta-fogo. A NBR 11785 determina que sejam instaladas em portas de emergência em locais de reunião aberta ao público, como casas de shows, restaurantes, museus, centros comerciais e outros ambientes em que há uma aglomeração de mais de 100 pessoas.
Os batentes das portas precisam ser preenchidos com cimento e areia. Se houver painéis, também têm de ser preenchidos com algum material isolante. Até mesmo as soleiras não podem ser feitas de um material inflamável.
É preciso dar atenção também aos vãos (ou brechas) das portas, já que a instalação incorreta poderia deixar passar fumaça e calor. Essas folgas precisam seguir as normas da NBR 11742.
Como é a sua manutenção?
Para que as portas corta-fogo possam funcionar de forma adequada e assim garantir seu bom desempenho, é preciso incluí-las no programa de manutenção preventiva.
O administrador do edifício (seja um condomínio, seja um prédio comercial) é o responsável por gerenciar os serviços de manutenção. O serviço precisa seguir as recomendações da NBR 11742 e devem ser realizadas mensalmente e a cada seis meses. As atividades realizadas são as seguintes.
Manutenção mensal
A cada mês, é importante verificar:
- sistemas de automação que fecham ou destravam as portas de emergência. Esse mecanismo precisa ser verificado com bastante regularidade porque, de modo algum, pode ocorrer o erro de as portas não fecharem ou não destrancarem ao soar o alarme de incêndio;
- funcionamento de acessórios que compõem a porta corta-fogo, como barras antipânico, fechaduras, travas, selecionadores, entre outros;
- limpeza de trincos, batentes e piso;
- retirada de objetos que não fazem parte do sistema e que podem atrapalhar o funcionamento dos dispositivos.
Manutenção semestral
De seis em seis meses, é importante:
- verificar as condições gerais da porta, como revestimento, pintura, desempenho das partes móveis;
- se houver problema em qualquer dispositivo, será necessário providenciar rapidamente a substituição das peças para que se garanta o perfeito funcionamento do equipamento;
- lubrificar e reapertar partes móveis, uma vez que o uso constante de abrir e fechar pode provocar folgas e, com isso, gerar brechas na porta.
A correta instalação e manutenção das portas corta-fogo é essencial para que elas apresentem um bom desempenho. Lembre-se de que o bom funcionamento é indispensável para garantir a integridade dos ocupantes do edifício. Vidas estão em jogo. Por esse mesmo motivo, sempre conte com profissionais e empresas especializados nesse tipo de dispositivo para evitar erros que podem comprometer a segurança dos usuários
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