Resíduos industriais: o que são, qual sua classificação e por que é tão perigoso descartá-los de maneira incorreta?

Diante de um cenário de desafios econômicos e ambientais, a indústria precisa repensar as suas práticas. Só nos últimos anos sobram exemplos de acidentes decorrentes do mal gerenciamento de resíduos industriais, causando danos permanentes ao meio ambiente e, até mesmo, mortes. Por isso, é preciso ficar atento aos procedimentos necessários para a limpeza e o correto manuseio, bem como o transporte e a destinação adequada dos resíduos industriais. Mas, antes de aprofundar essa discussão, vamos começar do começo?

Afinal, o que é considerado resíduo industrial? Todos os resíduos industriais são mesmo perigosos ou há, por exemplo, alguma classificação que determine se um resíduo industrial é ou não mais prejudicial que o outro? Vamos a essas explicações.

O que é resíduo industrial: exemplos para facilitar seu entendimento

Os resíduos sólidos industriais são, como o nome indica, os resíduos que resultam de atividades industriais. Por conta de suas características, não se deve descartá-los em corpos d’água ou na rede pública de esgoto, por exemplo, afinal podem ser mais ou menos perigosos para a saúde e para o meio ambiente.

Por isso, para que eles sejam descartados corretamente, é preciso fazer um plano de gestão, baseado na classificação dos resíduos industriais. A partir disso, são definidas as etapas de manipulação, armazenagem, coleta, transporte e destinação de acordo com cada tipo de resíduo gerado – que deve avaliar, inclusive, em que nível esses resíduos são perigosos para a saúde e/ou para o meio ambiente.

O planejamento detalhado é importante porque, em alguns casos, os resíduos precisam inclusive de um pré-tratamento antes de serem encaminhados. As latas de alumínio, por exemplo, são prensadas para que não gerem tanto volume. Outro exemplo: as águas ácidas precisam passar por ajustes de pH para reduzir a periculosidade do transporte e o risco de danos ao longo da cadeia logística.

Além da classificação dos resíduos industriais, também é preciso que a destinação correta leve em consideração:

  • A quantidade de resíduos industriais a ser coletada.
  • Quais são os métodos e técnicas ambientalmente viáveis para o tratamento desses resíduos industriais.
  • Qual é a disponibilidade e os resultados a longo prazo dos métodos de tratamento de resíduos industriais a serem aplicados no processo.

Parece complexo, mas a boa notícia é que o tratamento desses materiais pode, até mesmo, gerar ganhos financeiros e fortalecimento para a sua marca. Mas, antes de chegar lá, vamos falar sobre a classificação dos resíduos industriais?

Como é feita a classificação de resíduos industriais?

Os resíduos industriais possuem características próprias, por exemplo: aspectos químicos, físicos e biológicos, bem como qualidade e quantidade de amostra. É por meio da análise desses atributos que classificamos esses resíduos para que eles sejam descartados de maneira menos agressiva ao meio ambiente e perigosa para a saúde.

Por meio da observação de características como aspecto geral, cor, grau de heterogeneidade, estado físico, atividade industrial, processo de origem e constituinte principal, classificamos os resíduos industriais de acordo com as diretrizes estabelecidas pela NBR 10.004/04 da ABNT, veja, a seguir, cada uma das categorias que compõem essa classificação, bem como os exemplos.

CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS: CLASSE I (PERIGOSOS)

Estes são os resíduos industriais considerados mais perigosos por suas características específicas, como inflamabilidade, toxicidade, corrosividade e patogenicidade. Eles estão presentes, por exemplo, em diversos materiais presentes no dia a dia, como cartuchos, latas de tinta, pilhas, tonners, remédios vencidos e pneus.

Apesar de serem resíduos industriais perigosos, com o devido tratamento, podem ser reaproveitados, pois muitos possuem mercúrio, cádmio, níquel e chumbo. Vale conferir a Resolução CONAMA 401, de 2008, que estabelece os limites de limites máximos desses elementos em pilhas e baterias e as diretrizes para seu correto gerenciamento.

CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS: CLASSE II A (NÃO INERTES)

Os resíduos industriais de classe II A, conhecidos como resíduos não-perigosos e não-inertes, como o nome indica, não são considerados perigosos. Contudo, podem ter características de combustão, solubilidade e biodegradabilidade em água.

Bons exemplos de resíduos industriais da classe II A são os orgânicos, que podem ser transformados e terem seus nutrientes reaproveitados. Materiais têxteis, fibras de vidro limalha de ferro, lodo de filtros, poliuretano, gessos e Equipamentos de Proteção Individual (desde que não contaminados) também se encaixam aqui.

CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS: CLASSE II B (INERTES)

Já os resíduos industriais de classe II B também são entendidos como não perigosos e inertes. Porém, ao serem submetidos a testes de solubilização, eles não apresentam concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água.

Alguns exemplos de resíduos industriais da Classe II B são pedras, areia, sucatas de ferro, borrachas, latas de alumínio, madeiras, entulhos de demolição, entre outros. Esses resíduos devem ser encaminhados para aterros sanitários e podem ser reciclados.

Quando descartados da maneira incorreta, os resíduos industriais podem causar impactos muito negativos ao meio ambiente, trazendo consequências sérias para a comunidade que circunda a empresa e, consequentemente, para a reputação da companhia.

Em tempos de compliance e de gestões sustentáveis, é essencial obedecer e ir além das normas e legislações para proteger os recursos naturais e oferecer segurança para as pessoas, observando os itens descritos acima – como a classificação dos resíduos industriais que permite o descarte correto. Vale lembrar que as legislações cabíveis no Brasil são bastante avançadas, incluindo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a Política Nacional de Educação Ambiental e a Política Federal de Saneamento Básico.

Para além dos danos à reputação da empresa e à comunidade, o não cumprimento das normas dispostas pelas leis causam sanções penais e administrativas, previstas pela Lei nº 9.605/1998. As penas variam de multa a prisão.

O descarte de resíduos industriais da forma correta não só contribui com a manutenção do meio ambiente e do bem-estar da comunidade como fortalece a gestão da companhia por meio de uma postura alinhada com as demandas de sustentabilidade do presente. Ou seja, descartar resíduos industriais conforme manda a lei é uma prática que reduz o perigo inerente a muitos desses materiais, além de ser um exemplo de responsabilidade socioambiental. 

Com políticas de compliance e sustentabilidade, as empresas fortalecem suas marcas e geram novas oportunidades de negócios. Em 2018, estimava-se que o Brasil perdia cerca de R$5,7 bilhões ao ano por não reciclar resíduos plásticos.

Como dissemos anteriormente, o processo de descarte deve obedecer às diretrizes de um plano que contemple a classificação dos resíduos industriais descartados por uma determinada empresa e que, em seguida, defina quais são os tratamentos mais adequados. Há uma série de processos físicos e térmicos para isso, como você pode conferir a seguir.

Descarte de resíduos industriais através de processos térmicos

Há diversas técnicas para o descarte adequado de resíduos industriais, inclusive os considerados mais perigosos, que se baseiam na aplicação de calor nos materiais. São exemplos de processos térmicos:

  • Incineração: técnica de combustão controlada para degradar resíduos industriais como borras oleosas, alguns tipos de embalagens, sacarias e bombonas;
  • Co-processamento: resíduos industriais como logos, materiais sólidos e borras oleosas são usados como combustível alternativo ou matéria-prima para a fabricação de cimento;
  • Plasma: aplica-se um gás ionizado aos resíduos industriais a temperaturas superiores a 3000 ºC;
  • Pirólise: os resíduos industriais orgânicos são decompostos por meio do calor na ausência de oxigênio.

Descarte de resíduos industriais através de processos físicos

Geralmente, os processos físicos são aplicados como pré-tratamento para o descarte correto dos resíduos industriais. Por exemplo:

  • Separação gravitacional: nessa técnica de separação dos resíduos industriais, são exploradas as diferenças de densidade entre as fases.
  • Centrifugação: esse processo mecânico de separação dos resíduos industriais explora as diferentes densidades da mistura pela ação da força centrífuga;
  • Redução de partículas: por meio de processos mecânicos formados por peneiras e moinhos que reduzem o tamanho dos resíduos industriais.

É importante que esses processos sejam muito bem analisados por sua empresa e pela companhia responsável pela destinação dos resíduos industriais. Afinal, o ideal é que os materiais possam ser reaproveitados e apenas os resíduos industriais que não puderem gerar nenhum tipo de benefício devem ser incinerados.

Óleos residuais, por exemplo, podem ser armazenados e enviados para empresas licenciadas que realizem o re-refino e o correto reaproveitamento. Resíduos orgânicos podem virar adubo por meio da compostagem.

O tratamento de resíduos industriais é essencial para que deixem de ser uma ameaça ao meio ambiente e um perigo à vida. Além disso, também gera enormes benefícios às empresas que desejam fortalecer a sua imagem, alinhar-se com as legislações e explorar novas oportunidades de mercado. Para isso, é essencial que elas contem com companhias experientes, que tenham experiência com a classificação de resíduos industriais e com a gestão do planejamento para o descarte correto desses resíduos (inclusive dos mais perigosos).

E já que falamos em responsabilidade nas empresas, confira também o nosso artigo sobre validação de limpeza e garanta a qualidade de suas entregas no mercado!

Compartilhe:
chat on-line
Olá, tudo bem?

Como posso te ajudar?

chat on-line
pt_BRPortuguese